Eric Yuan, fundador e CEO do Zoom participou do Web Summit para discutir o futuro das comunicações e da necessidade das ferramentas colaborativas nas empresas durante o teletrabalho
As ferramentas de videoconferência tornaram-se fundamentais no ano de 2020, graças a quantidade de pessoas trabalhando remotamente. E claro que as empresas de videoconferências iriam aproveitar essa onda, há um ano atrás talvez ninguém tivesse ouvido falar no Zoom. É atualmente uma das ferramentas mais utilizada do mercado.
O crescimento começou em dezembro de 2019 que já teve 10 milhões de reuniões diárias, e em abril de 2020 tinha 300 milhões de usuários fazendo chamadas numa média de 3 bilhões de minutos em videoconferências por dia no Zoom. Nos últimos meses do ano de 2020, a empresa gerou bem mais receitas do que no ano anterior. Mas qual seria o seu pensamento em janeiro deste ano, quando estava planejando o seu ano com a equipe, e longe de pensar que ia surgir um desastre como esse? A resposta parece óbvia: estaria prevendo resultados alinhados com os de 2019 ou do ano de 2018. Longe de esperar o sucesso que chegou junto com tudo isso.
Com o sucesso, Eric Yuan, ficou muito empolgado, com o resultado obtido de um trabalho de anos que agora lhe rendeu muitos frutos. E claro que todos os empregados compartilhavam dessa felicidade. Mas em contrapartida, a responsabilidade de como lidar com o sucesso e crescimento da plataforma trouxe-lhe algumas preocupações, pois a plataforma tinha que dar conta da alta demanda.
Há 20 anos Eric Yuan chegou aos Estados Unidos da China, no período da explosão da internet, repleto de ambições para acompanhar essa evolução, mesmo sem saber bem como o fazer, acabou entrando na equipe da Webex como um dos primeiros empregados, posteriormente se mudou para a Cisco onde ficou à frente de uma equipe de 800 colaboradores, saindo depois para começar a sua própria empresa no Vale do Silício.
Até conseguir lançar a sua tecnologia do Zoom, Eric Yuan teve diversas rejeições de investimento, mas acreditava que as soluções para videoconferência, na sua opinião não eram muito boas e acabou mantendo a sua visão para o Zoom. Antes de se tornar uma empresa mundialmente conhecida, o crescimento era orgânico , e nunca imaginava que esse crescimento disparasse, ocasionado pela doença atual de 2020 e a necessidade das pessoas se conectarem.
Em tom de brincadeira, confessou estar divertindo-se por ser novato em Wall Street, depois da Zoom ter-se tornado uma empresa de capital aberto. E como isso afetou a sua rotina depois do sucesso? Na sua resposta, não mudou muito, apenas teve que reajustar alguns pontos do seu dia-a-dia, por ter mais reuniões (via Zoom) mas nunca deixou de meditar.
Falando sobre as questões de segurança, pois severamente criticado, o líder da empresa afirma que fez sempre tudo o que pode visando manter a mais alta qualidade de segurança, e que aprendeu rápido com os erros. Outro impacto na empresa com o sucesso foi o aumento de trabalhadores, o que obrigou a novas maneiras de comunicação interna e a passagem da cultura aos novos colaboradores. E a equipe inicial está apta para continuar a liderar este novo “monstro”? Tal questionamento sempre foi considerado, mesmo a nível interno e privado, e o desafio foi adaptar-se e melhorar, mas ao mesmo tempo capacitar os novos colaboradores para que possam igualmente crescer. “Todos nós aprendemos sempre algo novo, todos os dias”.
E quais conselhos daria agora, que gostaria de ter recebido antes do que aconteceu no ano de 2020? Na sua resposta, continuar a fazer o que sempre fez melhor e com gosto, e manter a paciência para os novos desafios que surgem. Especialmente deve gostar do que faz. Olhando para si, continua a ser a mesma pessoa, sendo feliz no que faz, e tem como principal preocupação fazer feliz os seus colaboradores. E quanto mais bem-sucedido mais quer trabalhar “porque é aquilo que mais gosto de fazer”. Deixa o conselho a quem tem uma ideia: execute.
E quando tudo isso passar? O que vai acontecer ao Zoom depois desta crise? Talvez seja a menor das preocupações do líder da empresa, esperançoso de que se encontre a cura definitiva para a doença. Eric Yuan acredita que o futuro não regresse em definitivo para o escritório, mas sim para um conceito híbrido, e por isso, as empresas e trabalhadores que continuam a trabalhar em home office, continuem a utilizar o Zoom. Dando um exemplo, antes de acontecer tudo isso em 2020 perdia-se muito tempo em viagens, quando se poderia fazer videochamadas. Acredita que no mundo pós essa doença continuará a explorar as vantagens das comunicações em vídeo.